O Tapanã, o segundo bairro mais populoso de Belém, passou por um crescimento significativo nos últimos anos, de acordo com os dados do Censo 2022. Com uma população de 69.295 habitantes em 2022, o bairro subiu da quarta para a segunda posição no ranking de densidade populacional da capital, atrás apenas do Guamá. Este aumento populacional reflete uma tendência observada em diversas áreas periféricas de Belém, especialmente ao longo da avenida Augusto Montenegro e no distrito de Icoaraci, como em bairros como Paracuri, Tenoné e Águas Negras.
Fatores que Contribuem para o Crescimento
O crescimento do Tapanã pode ser explicado por alguns fatores, como o valor mais acessível do metro quadrado em comparação com áreas mais centrais de Belém, onde os preços são mais elevados. Além disso, a expansão territorial do bairro, ao contrário do centro da cidade, que enfrenta um crescimento vertical limitado, tem favorecido a instalação de novos moradores. O coordenador técnico do Censo 2022, Luiz Cláudio Martins, destaca que muitas pessoas buscam esse tipo de área mais acessível para alugar ou comprar imóveis, o que resulta em uma expansão populacional significativa.
Características Demográficas
O bairro possui 26.452 domicílios, e a população do Tapanã é predominantemente jovem, com 28% dos moradores tendo entre 0 a 14 anos de idade, e 11% com 60 anos ou mais. A população é quase equilibrada entre homens e mulheres, com 52% de mulheres e 48% de homens. O número médio de moradores por residência é de 3,2, um índice que também demonstra a densidade populacional crescente.
Realidade Social e Infraestrutura
Embora o bairro tenha experimentado um grande crescimento, ainda enfrenta desafios, especialmente nas áreas de “aglomerados subnormais”, como as comunidades Novo Tapanã I e Novo Tapanã II. Essas áreas são caracterizadas pela falta de título de propriedade e de acesso a serviços públicos essenciais, como saneamento básico, o que ainda impacta a qualidade de vida de parte da população. No entanto, o bairro também conta com uma infraestrutura considerável, incluindo praças, supermercados, grandes feiras, escolas, igrejas e unidades básicas de saúde, tornando-o uma boa opção de moradia para aqueles que buscam melhorar sua qualidade de vida, principalmente os que vêm de áreas mais afastadas de Belém ou do interior do estado.
História Pessoal
A história do Tapanã é pessoal para muitos de seus moradores. Benedito da Silva, de 72 anos, natural do Marajó, chegou ao bairro aos 21 anos à procura de trabalho. Desde sua chegada, há mais de 70 anos, Benedito testemunhou e participou ativamente do desenvolvimento do bairro, trabalhando em diferentes funções, incluindo como vigilante na Escola Estadual Nossa Senhora do Carmo. Sua história é um reflexo das oportunidades que o Tapanã tem oferecido a tantos ao longo das décadas, consolidando-se como um ponto de referência para quem busca melhores condições de vida e trabalho.
O Tapanã, portanto, se destaca não apenas pelo seu crescimento populacional, mas também pelo seu papel como uma área estratégica de Belém, que mistura tradição, crescimento urbano e desafios sociais.
Devido aos anos de vivência no bairro, ele viu o Tapanã mudar, passando de uma localidade sem infraestrutura urbana para um processo acelerado de urbanização. “Eu gosto muito de morar no Tapanã,na minha terra natal eu só vou a passeio. Quando eu cheguei, o Tapanã era só mato, não tinham ruas, eram só caminhos, não tinha nem luz elétrica, era tudo na lamparina. Hoje em dia o bairro tem crescido, mudou muito, já tem muitas ruas asfaltadas e com muitas casas e famílias morando aqui”, relatou o aposentado.
OPORTUNIDADE
Sendo uma das principais vias do bairro, a Rodovia do Tapanã reúne fábricas, empresas de médio e grande porte e condomínios residenciais que estabeleceram polo no seu entorno. A rua também sedia a Delegacia de Polícia do Tapanã, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Dr. José Márcio Ayres e Hospital Veterinário Municipal Dr. Vahia, o primeiro hospital público voltado para cães e gatos da região Norte com atendimentos de baixa e média complexidade.
A autônoma Marilene dos Santos, 48, trabalha bem em frente à instituição de saúde animal com a venda de produtos para pets, como coleiras, fraldas e até algumas roupas. Antes moradora de Icoaraci, ela relata que residia no Tapanã desde quando as ruas ainda eram de piçarra e na frente de uma panificadora, situada em uma das feiras, por volta do ano de 2001. Depois de uma temporada fora do bairro, ela retornou em 2019, onde mora e trabalha desde então.
Segundo a moradora, o bairro mudou muito e tem crescido cada vez mais. “Morar aqui é muito bom, tem tudo, supermercado, alguns condomínios, têm feiras grandes, aqui cresceu muito nos últimos anos e está crescendo cada vez mais. Aqui tudo é próximo, principalmente das feiras, panificadora, farmácia, é ótimo. Só o que faltava era uma pracinha igual como tem a do Cordeiro, mas não tem outra para as crianças brincarem e para os adultos conversarem”, disse Marilene.
COMÉRCIO
Na questão da religiosidade, o bairro possui duas grandes igrejas: Paróquia São Francisco de Assis e Paróquia Jesus Bom Samaritano. Já no comércio, o Tapanã se destaca por grandes feiras, sendo duas as principais: Feira do Tapanã, onde está situada a Casa de Saúde da Família Tapanã I; e a Feira do Capucho, entre as ruas Piçarreira e Maria de Nazaré, onde ficava o antigo fim da linha do ônibus “Tapanã – Ver-o-Peso”.
Assim como a primeira, esta última é onde gira a economia do bairro e vários moradores garantem o sustento diário com a venda de alimentos, que vão desde farinha a carnes, além de peças de vestuário e dispositivos eletrônicos. O feirante Jhonatan Cunha, 22 anos, é morador do Tapanã desde criança e, hoje, trabalha na Feira do Capucho. Segundo ele, o bairro tem mudado bastante, principalmente na questão do asfaltamento das ruas. Porém, a questão do lixo e espaços de lazer ainda precisam de atenção do poder público municipal.
“O bairro tá melhorando, as ruas agora estão asfaltadas, mas ainda falta melhorar a questão do lixo. De diversão, aqui nós temos a praça do Cordeiro que o pessoal vai passear à noite, mas também tem que melhorar, fazer uma limpeza. Aqui no centro é uma área boa pra se morar porque tem a parte do comércio e fica tudo perto”, avaliou o feirante.
ENTRETENIMENTO
Como opção de divertimento, os populares contam com a “Praça do Cordeiro” que possui várias opções de lanches, além de parque para crianças e a famosa “Rampa do Rap”. Infelizmente, o local não se encontra em boas condições estruturais, já que o mato toma conta do pequeno espaço de passagem dos pedestres e algumas áreas está com a estrutura de calçamento danificada. Embaixo da rampa de skate é descartado dejetos de todos os tipos, trazendo insegurança sanitária para os moradores.