O setor agropecuário, mais do que uma atividade econômica impactada pelas mudanças climáticas, pode ser um aliado crucial na busca por soluções para atingir as metas globais de redução de gases de efeito estufa (GEE). Essa é a posição defendida pelo agro brasileiro durante a 29ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP29), realizada entre 11 e 22 de novembro, em Baku, capital do Azerbaijão.
Nelson Ananias, coordenador de Sustentabilidade da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou que a perspectiva de incluir o setor agropecuário nas ações climáticas não é exclusiva do Brasil. De acordo com ele, 141 dos 170 países que fazem parte do acordo climático global incluem o agro em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), ou seja, em suas metas de redução de emissões.
Ananias destaca que a agricultura brasileira já adota práticas sustentáveis que são referências no mundo, como a produção eficiente de alimentos, a preservação de áreas florestais e a agricultura de baixo carbono. Isso resulta em maior produtividade com menor emissão de gases de efeito estufa, o que coloca o Brasil como exemplo de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
Financiamento Climático e Agricultura: Prioridades na COP29
Durante a COP29, a questão do financiamento climático foi um ponto central das discussões. O coordenador da CNA enfatizou que o Brasil, como país em desenvolvimento, tem um grande potencial para implementar ações de mitigação de emissões, não só para cumprir suas próprias metas, mas também para ajudar outros países parceiros. No entanto, ele criticou a falta de financiamento adequado por parte dos países desenvolvidos, o que dificulta a concretização dessas ações.
Outro tema relevante para o agro brasileiro foi o grupo de trabalho de Sharm el-Sheikh, criado na COP27, que trata da agricultura e segurança alimentar. O grupo estabeleceu um portal online para impulsionar ações climáticas voltadas para o setor agropecuário, além de promover workshops e relatórios sobre a implementação de políticas sustentáveis.
Adaptação e Transição Justa: A Visão do Agro Brasileiro
Além das medidas de mitigação, o setor agropecuário brasileiro defende a adoção de práticas adaptativas, com o Brasil se posicionando como um modelo global de adaptação às mudanças climáticas, especialmente por meio da agricultura. Ananias ressalta que, enquanto a mitigação das mudanças climáticas é uma meta desafiadora, a adaptação já se tornou um ponto de igual importância nas negociações climáticas.
A transição justa, um tema levantado na COP anterior, também foi abordada. O Brasil defende que, ao buscar a implementação de políticas de desenvolvimento sustentável, deve ser reconhecido o estágio de desenvolvimento do país, com a inclusão de ações que incentivem a transição para uma produção mais limpa e com menor impacto ambiental.
Portal de Sharm el-Sheikh
O portal online de Sharm el-Sheikh, previsto na COP27, já está disponível e oferece informações sobre iniciativas e políticas para aumentar as oportunidades de ação climática na agricultura e segurança alimentar. O portal pode ser acessado por meio do endereço https://unfccc.int/topics/land-use/workstreams/agriculture/sharm-el-sheikh-online-portal.
