A revista Science escolheu o lenacapavir, uma nova droga injetável, como a descoberta científica mais importante de 2024. O medicamento, utilizado como profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV, mostrou resultados impressionantes em ensaios clínicos realizados na África. Durante um estudo com 5.300 mulheres jovens em Uganda e na África do Sul, que receberam duas injeções anuais do lenacapavir, não foi registrado nenhum caso de infecção pelo HIV. Outro estudo, realizado em seis países, incluindo o Brasil, com homens que fazem sexo com homens, pessoas transgêneras e usuários de drogas injetáveis, também obteve uma taxa de eficácia de 99,9%.
Esse avanço é considerado um marco na luta contra o HIV, com especialistas acreditando que a droga pode representar um passo importante na erradicação da epidemia. A inovação do lenacapavir se dá pela sua ação em múltiplos pontos do ciclo de vida do HIV, bloqueando a replicação viral e prevenindo a formação de novas partículas infecciosas.
Embora ainda não tenha sido autorizada para uso, a droga gerou debates sobre seu alto custo, que chega a US$ 42.250 (cerca de R$ 252 mil) por paciente ao ano. Para contornar isso, a Gilead Sciences, fabricante do medicamento, anunciou planos de transferir a tecnologia para 120 países, permitindo a produção de versões genéricas. No entanto, países com grande número de pacientes com HIV, como o Brasil, não estão incluídos nessa lista.
O lenacapavir surge em um momento positivo para o combate ao HIV, com a ONU reportando o menor número de novos casos de HIV desde 1990, o que reflete os avanços nas estratégias de prevenção e tratamento. Para muitos especialistas, essa droga oferece uma nova alternativa que pode ser crucial no controle da pandemia, principalmente para populações vulneráveis.