Crise de armazenagem: fila de caminhões na Conab mostra excesso de grãos no sul tocantinense

Redação
3 min de leitura

Formoso do Araguaia (TO) – Com a expectativa de uma safra recorde de grãos no Brasil em 2025, uma longa fila de caminhões se formou nas proximidades da unidade da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em Formoso do Araguaia, localizado no sul do Tocantins. Reconhecida como um dos principais centros de armazenamento do estado, a área enfrenta um congestionamento que já dura semanas, refletindo os desafios logísticos que se intensificam com a supersafra. Recentemente, motoristas registraram vídeos mostrando uma extensa fila de carretas paradas em um trecho não asfaltado próximo à rodovia TO-070. Os caminhoneiros relatam que os engarrafamentos começaram em março e, desde então, a espera para descarregar pode levar até quatro dias. O aumento no número de veículos, somado às chuvas que atingem a região, agrava ainda mais a situação. A formação de buracos e atoleiros na estrada torna o acesso ao armazém da Conab ainda mais difícil.

No entanto, a questão vai além das más condições das estradas; trata-se de um gargalo estrutural que há anos prejudica o escoamento da produção agrícola no Brasil. A previsão para este ano é de uma colheita histórica de 328 milhões de toneladas de grãos, sendo 168 milhões apenas de soja, conforme estimativas do governo federal. Entretanto, o país possui capacidade de armazenamento para apenas 210 milhões de toneladas, evidenciando um déficit que ressalta a urgência de investimentos no setor. “Esse é um problema recorrente, pois o agronegócio é um setor sazonal. Tudo é colhido e precisa ser transportado e armazenado ao mesmo tempo, em uma janela de tempo curta”, explica um especialista em logística agrícola. “A infraestrutura não cresce na mesma proporção que a produção.”

Situações semelhantes têm sido observadas em outros armazéns no sul do estado, indicando uma crise de infraestrutura que se repete a cada supersafra. A preocupação atual é até quando a região conseguirá armazenar tamanha produção e quais serão os impactos para produtores, caminhoneiros e consumidores. A expectativa de uma colheita abundante havia animado o mercado, sugerindo preços mais acessíveis para o consumidor, especialmente no caso do arroz, que poderia chegar mais barato aos supermercados. No entanto, a falta de infraestrutura adequada levanta incertezas sobre a real capacidade do país de converter produção em abundância nas prateleiras. Enquanto isso, no campo, motoristas continuam aguardando, os atoleiros aumentam e o tempo avança contra o escoamento da maior safra da história.

TAGGED: ,
Compartilhe
Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *